Aumento do botijão de gás-Um quinto das famílias brasileiras já usa lenha ou carvão para cozinhar

Lares que preparam alimentos com lenha ou carvão já são 14 milhões Foto: Pixabay

São 14 milhões de lares nessa situação, alta de 27% nos últimos dois anos. No Sudeste expansão foi maior, de 60%  
Um quinto das famílias brasileiras já usa lenha ou carvão para cozinhar. São 14 milhões de lares preparando alimentos dessa forma, alta de 27% ou mais 3 milhões de domicílios nos últimos dois anos. No Sudeste a expansão foi maior, de 60%. Os dados são da pesquisa Pnad Contínua, do IBGE.
O aumento do desemprego e a alta no preço do botijão de gás explicam esse salto. Entre 2016 e 2018, período contemplado pelo levantamento, o gás de cozinha acumulou alta de 24% e a taxa média de desemprego passou de 11,5% para 12,3%.

O Nordeste concentra 35% ou 4,8 milhões dos lares que fazem uso de lenha ou carvão. No Sudeste, onde o salto foi o maior entre todas as regiões, no ano passado havia 2,9 milhões de famílias preparando alimentos dessa forma.

Em 2001, o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criou o Vale Gás, programa de distribuição de renda para auxiliar a população mais carente a comprar o botijão. O benefício, porém, foi encerrado em 2008 e incorporado pelo Bolsa Família. Em fevereiro do ano passado, o governo federal, ainda sob o comando de Michel Temer, afirmou que estava estudando medidas para reduzir o preço do gás para as famílias de baixa renda, mas não foi implementada nenhuma ação.

No último mês de abril, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o preço do gás de cozinha vai cair pela metade em até dois anos , dentro do plano do governo de fazer um “ choque de energia barata ”. Para isso, ele afirmou ser preciso “quebrar o monopólio” do refino do petróleo, mercado concentrado nas mãos da Petrobras, e da distribuição do combustível.

Mais famílias morando de aluguel ou favor

A pesquisa do IBGE também mostra que a crise prolongada reduziu a parcela de famílias com casa própria. Elas correspondiam a 74,4% do total em 2016 e, no ano passado, caíram para 72,6%. Mais famílias passaram a viver em imóveis alugados ou de favor.

Esse grupo passou de 17,7 milhões de lares em 2016 para 19,3 milhões no ano passado, alta de 9% ou mais 800 mil famílias vivendo em imóveis cedidos e outras 800 mil de aluguel.

Em 2018 o número de lares brasileiros chegou a 71 milhões, alta de 1,5 milhão em relação ao ano anterior. Mais famílias passaram a viver em apartamentos, crescimento de 7,1% em relação a 2017. A analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE Adriana Beringuy, no entanto, disse que esse crescimento não representa necessariamente um boom de novas construções:

— No ano passado, tivemos uma retomada do setor imobiliário, que possuía muitos imóveis já prontos, mas ainda fechados ou desocupados. Houve toda uma mobilização para tentar impulsionar a venda de imóveis ao longo de 2018. As construtoras baratearam empreendimentos e o governo também atuou com políticas de crédito, inclusive melhorando as condições de financiamento da Caixa. O resultado da pesquisa não significa, necessariamente, que muitos novos imóveis foram construídos. Acreditamos que o aumento no número de apartamentos se deve a esses imóveis que antes estavam vagos e agora foram ocupados.

Cai número de lares chefiados por homens

A Pnad Contínua também apontou que os homens seguem sendo responsáveis pela maior parte dos lares (55%), enquanto as mulheres respondem pelos outros 45%. Mas essa diferença vem diminuindo . Em 2012, primeiro ano do levantamento, os homens comandavam 63% dos lares e as mulheres 37%. No ano passado, o número de famílias chefiadas por homens caiu pelo terceiro ano seguido. Eram 38,8 milhões em 2018, frente aos 39,1 milhões registrados no ano anterior. As mulheres já são responsáveis por 32,1 milhões de domicílios. Esse número cresceu em 1,8 milhões em relação a 2017.

O levantamento também aborda questões de raça. A população que se declara branca representava 43,1% da população, ao passo que a população autodeclarada preta era de 9,3% e pardos correspondiam a 46,5%. Em 2012, as pessoas declaradas brancas totalizavam 46,6%, enquanto 45,3% eram pardas, e 7,4%, pretas.

Para Adriana, analista do IBGE, a mudança nos índices não indica necessariamente um aumento de nascimentos de pessoas pretas ou pardas, mas principalmente uma expansão no número de pessoas que se reconhecem como tal.

Fonte:O GLOBO/Daiane Costa e David Barbosa*
*Estagiário sob supervisão de Daiane Costa

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